domingo, 7 de novembro de 2010

Elogio ao Mau Gosto (Parte IV)

De volta aos filmes grotescos, esquisitos, fortes, intensos ou o que quer que seja. :)

Separei três filmes daqueles que considero uns dos mais polêmicos.
Polêmicos não por suas cenas ditas chocantes, mas sim porque dividem e muito a opinião das pessoas. Algumas amam, outras odeiam, mas não tem como dizer que esses filmes apenas existem. Arte ou besteira?

O primeiro, obviamente, é Salò ou os 120 dias de Sodoma.


Baseado em obra de Marquês de Sade, Pasolini nos leva à Itália fascista no ano de 1944. 4 libertinos sequestram adolescentes e os submetem a 120 dias de torturas de todos os tipos, sexuais, mentais e físicas.
Esse filme foi proibido em diversos países, inclusive no Brasil, por apresentar cenas explícitas de sexo, coprofagia e agressão, tudo isso cercado de política.
Pasolini, ateu e comunista, foi assassinado no mesmo ano em que o filme foi lançado.

Eu, particularmente, gosto bastante do filme, vejo um porquê em cada uma daquelas cenas e acredito que o filme seja importante. Claro que certas cenas ultrapassam os limites do bom senso, mas creio que foram bem encaixadas no contexto, não estão ali apenas para "chocar".

Um filme chamado Anticristo não poderia passar em branco, ainda mais quando o diretor Lars von Trier estava dizendo aos quatro ventos que ele era o melhor diretor do mundo.
Trier disse que este filme foi escrito em meio a uma crise de intensa depressão, então só poderíamos esperar por algo bem intenso.


Os personagens não tem nome, são apenas Ele e Ela. Certa noite, estão fazendo sexo, enquanto o filho pequeno está em outro quarto. Sem que eles percebessem, a criança cai da janela e falece. Ela entra em profundo desespero, começa a crise de culpa e não parece haver uma cura para sua dor. Ele, terapeuta, resolve levá-la para uma cabana afastada, para tentar curá-la. Aí começam os problemas.


Lá ele encontra anotações que ela fez durante uma estadia anterior.
Sexo explícito, tortura e muita loucura. Assim defino Anticristo.
Engraçado ver como o nome do filme por si só ainda é um tabu para muitas pessoas.
Muitos consideraram o filme como misoginia pura, outros como um delírio sem pé nem cabeça de Trier. Eu gostei, não procurei encontrar nenhum porquê no filme. 

Para fechar, um filme mais "light". Não no sentido da escatologia, mas sim de tensão. É uma comédia de John Waters, mais conhecido por dirigir Mamãe é de Morte, clássico da minha infância. :)


Em Pink Flamingos, temos o travesti Divine, que vive com seu filho, sua mãe e uma amiga, Cotton. Ela é conhecida por ser a pessoa mais infame do mundo, até que um casal rouba esse título. Como? Eles sequestram mulheres, as engravidam e depois vendem seus bebês para casais de lésbicas.
E Divine? Ela pratica sexo oral com o filho, carrega pedaços de carne entre as pernas, tem uma mãe que ama comer ovos cozidos e um filho que faz sexo com uma mulher e uma galinha, ao mesmo tempo.
Escatologia é pouco. Mas eu acho esse filme divertidíssimo. Acho que esse é o mérito. Ele tem tudo para fazer uma pessoa torcer o nariz, mas arranca boas risadas. 


A melhor jogada de marketing ocorreu com o trailer. Não aparece nenhuma cena do filme, apenas pessoas saindo do cinema e falando o que acharam. Umas criticam, outras elogiam e um certo cara diz que é melhor que Gritos e Sussurros, do Bergman. Isso bastou para que o filme se tornasse um sucesso no underground.

Em breve volto com mais posts sobre o tema. :)

2 comentários:

  1. Perfeito seu post!
    Amo os três filmes, não tenho muito o que dizer porque sua opinião sobre eles é basicamente igual a minha!^^
    Arrasou!:*****

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  2. Achei meio DEPRET como tanta gente achou Anticristo um filme gratuito/feito pra chocar. Se tu levar em consideração a mitologia do próprio, desde o começo, faz o maior sentido do mundo e até a mensagem ao final é demais: a natureza é ruim e VAI te matar se puder;

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